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PBP, eu fui! – Roberto Dias de Avellar Junior

Postado em 20 janeiro 2016 por awulll

 

Nome?
Roberto Dias de Avellar Junior.

Natural de?
Santo Andre/SP.

Qual e como foi seu primeiro BRM pedalado?
Meu primeiro BRM foi em Boituva de 200 km em 2013, de MTB com pneus 1.0, foi bastante sofrido terminei faltando 30 minutos pro tempo limite, choveu muito naquele dia e na metade do percurso me perguntei o que estava fazendo ali rsrsrsrs.

Qual e como foi o BRM mais marcante para você?
O mais marcante foi o meu primeiro de 1000 km, foi uma satisfação enorme concluir um BRM daquela distância. Tivemos todas as estações de clima naquele 1000 km, muito sol e calor no primeiro dia, uma tempestade e vento contra no segundo dia seguido de muito frio e neblina em serra naquela segunda noite, cheguei a perder o equilíbrio psicológico naquele momento de frio e subidas intermináveis, não se enxergava nada, só via os carros passando, as luzes das lanternas sumindo e o por fim os motores dos carros, aquilo dava uma ideia do tamanho das subidas, a partir do terceiro dia meu rendimento e prazer de pedalar aumentaram substancialmente e a noite deste terceiro dia foi bastante divertida, pois pedalei em um grupo, terminei com 72 horas cravadas no amanhecer. Foi uma festa a chegada.

Qual(is) PBP participou?
2015.

Como foi(ram) sua(s) participação(ões)?
No primeiro dia, que na verdade foi noite, pois largamos as 17:30, passei muito frio, não esperava 4 graus no verão europeu, isso me desgastou muito, mas segui num bom ritmo, estava cansado e com sono mas não consegui dormir nas 30 primeiras horas, no PC a 520 km aproximadamente em Carhaix fiquei parado por mais de 7 horas, com dois intervalos de sono, dormi umas 2 horas e quando acordei era madrugada e estava novamente aquele frio de 4 graus, então resolvi esperar amanhecer e dormi mais umas 3 horas. Quando amanheceu eu estava renovado, sai com a bike com um bom ritmo, cheguei em Brest, almocei e tentei dormir, mas sem sucesso, então resolvi iniciar a volta pra Paris. Pedalei uns 240 km até escurecer novamente e parei pra dormir num Posto de abastecimento, próximo a Tinteniac, como sempre muito frio. Ainda de madrugada segui viagem, passei por uma cidade ou vilarejo totalmente apagado, não tinha nenhuma luz nas vias públicas tampouco nas casas, foi até meio sinistro, até hoje desconfio que isso foi um sonho ou pesadelo rsrsrs, pedalo com muito mais prazer durante o dia, não gosto de pedalar à noite. Nesse terceiro dia, pedalei com um russo e mais 3 ciclistas que acredito serem franceses, estávamos num ritmo bem forte, trocando roda a todo momento, a chegada em Villaines la Juhel foi uma festa, a cidade estada toda mobilizada para receber os ciclistas, me senti no Tour de France, foi espetacular até no refeitório fomos tratados como atletas de elite pelas crianças que nos ofereciam ajuda a todo momento, foi a única vez que dormi durante o dia, foram aproximadamente 90 minutos de sono debaixo do sol no pátio do refeitório, no final do dia pegamos muitas subidas até chegar em Mortagne au Perche, novamente uma bela refeição já no inicio da noite segui para Dreux, o ultimo PC antes da chegada, colei num grupo de italianos 3 rapazes e 2 moças, como sou muito tímido acabo que não puxo muito assunto, até porque só falo português, acredito que eles não ficaram muito a vontade de eu ficar seguindo-os, tive a impressão que eles me despistaram, pois se dividiram e acabei ficando sozinho no meio do nada à noite, coisa rara no PBP pois em todo momento sempre tem muita gente na sua frente e muita gente atrás de você nas estradas. Momento que pensei que tivesse errado o caminho, não via nenhum ciclista e nenhuma placa, no PBP há placas em todo o percurso, parei até que passou um americano, perguntou se estava tudo bem, falei que achava que estávamos no caminho errado, ambos sem GPS, resolvemos seguir até que encontramos outro americano com GPS e nos informou que estávamos no caminho correto, interessante foi que eu falei o tempo todo em português e ele em inglês, mas nos entendemos perfeitamente como se estivéssemos falando a mesma língua. Naquela altura eu estava bastante cansado e não consegui acompanhar o ritmo deles, fiquei só novamente, comecei a rezar e fui prontamente atendido por Deus, pois Ele me enviou um brasileiro equipado com GPS, o Tiago, foi quando surgiu um pelote de uns jovens que estavam pedalando muito forte, então para espantar o sono resolvi acompanhar o pelote num ritmo bem forte, cansado, com sono, tendo alucinações, já não sabendo direito para onde ir foi minha melhor opção, chegamos rápido em Dreux, comi, dormi umas 2 horas no chão da quadra de esportes e antes de amanhecer peguei a estrada pra Paris, eu já não conseguia raciocinar direito, não conseguia entender o mapa, então colei num grupo, mas eles estavam muito lentos e aquilo ia me dar sono, foi quando surgiu uma tandem com um casal de alemães e um outro ciclista num ritmo mais forte, pedalamos juntos até amanhecer, com o dia claro fico mais tranquilo então parei, curti um pouco a paisagem, comi alguma coisa que tinha nos bolsos e segui para a chegada num ritmo bem tranquilo, afinal faltavam somente uns 30 km e tinha mais de 5 horas de folga no tempo, o dia estava bem feio, nublado e com chuva fina, mas agora era só ir pra galera. Cheguei com poco mais de 86 horas, o limite era de 90 horas.

O que significa o PBP para você?
A prova, mais tradicional e mais charmosa da nossa modalidade randonneur.

O que você listaria como erros e acertos de sua(s) participação(ões)?
Errei feio no vestuário, tinha que estar mais preparado para o frio, se eu estivesse preparado pro frio teria sofrido bem menos. Diante das circunstâncias acredito que acertei em ter ficado mais tempo em Carhaix.

Que dicas daria a randonneurs que farão seu primeiro PBP?
Se preparem para climas de 4 a 40 graus, não percam a oportunidade de se alimentar, não façam turismo durante a prova, a não ser se estiver bem folgado no tempo.

 

3 Comentários para este Post

  1. João do Jeep Says:

    O que é PBP e o que é BRM?

  2. awulll Says:

    PBP é uma prova de randonnée de 1200 km que acontece entre Paris e Brest, na França. Por isso PBP: Paris-Brest-Paris.
    BRM é sigla para “brevet des randonneurs mondiaux”. São randonnées reconhecidos pelo Audax Club Parisien (ACP) e Les Randonneurs Mondiaux (LRM).
    No randonnée os ciclistas tem um tempo determinado para concluir uma distância determinada. Não há primeiro lugar, segundo lugar, terceiro lugar… Todos que completam tem o mesmo status de vencedores, seja com o menor tempo ou no tempo limite.

  3. Manu Says:

    Roberto com sua narração consegui imaginar e sentir o frio e o sono que você passou. E isso de ficar desnorteado , a gente que nunca passou por isso parece que é historinha pra impressionar, mas como já vi varios relatos e videos do PBP acredito que seja verdade. ..rs

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