Pedalar nas estradas brasileiras requer um mínimo de coragem.
Por mais que façamos tudo corretamente, não é pequena a chance de outra pessoa fazer algo de errado. Porque se fosse pequena não perderíamos companheiros da forma que perdemos. Você pode ter 0,00000001% de chance de se machucar, mas quando você se machuca, essa estatística não tem valor. E o pior ainda é quando você se torna estatística. E pior que isso é que pessoas que te amam vão sofrer. Muitas vezes por causa de algo ou alguém que está fora de controle delas.
O Claudemir foi Super Randonneur, Randonneur 5000… Um dos maiores randonneurs de nosso estado e também do nosso país. Não nos encontramos muitas vezes, mas sempre o vi alegre, uma pessoa positiva que todos gostariam de ter por perto. Fui muito bem recebido em sua casa em Loanda, quando passei por lá em 2013. É triste saber que não o veremos mais em algum brevet. Tristeza que, por maior que seja, não chega nem perto daquela que sentirão seus familiares e amigos mais íntimos. Acima de tudo, perdeu-se um grande ser humano.
Pode não parecer, mas as estradas já foram piores e os motoristas já foram mais imprudentes. Nosso trânsito está sim melhorando. Contudo, de nada adianta ter melhorado se continuarmos a perder pessoas como perdemos o Claudemir, o Egon e tantos outros. Aquele 0,00000001% de risco sempre será alto, pois é com a vida que se paga a aposta perdida.
Aqueles que pedalam em nossas estradas sabem muito bem dos riscos que correm, sabem que precisam fazer sua parte e também contar que os demais presentes no trânsito façam a sua parte. Por isso que são grandes! Por isso que Egon e Claudemir foram grandes! Não estavam em nenhuma guerra, não deram a vida para salvar alguém. O que eles fizeram e muitos ainda fazem e farão é mostrar que são mais fortes que o risco, mais fortes que o medo. Que a alegria de viver é mais forte do que o medo de morrer.
Não podemos mudar o que aconteceu. Que providências sejam tomadas, que punidos sejam aqueles que tiram vidas em nosso trânsito. Mas o Claudemir não passou a ser uma simples estatística de trânsito. É uma pessoa que tenho orgulho de ter conhecido. E é isso que vai ficar. É isso que precisa ficar. Obrigado Claudemir!
junho 23rd, 2015 em 9:16
Pedalei uns 100 kms com ele durante a prova e senti um grande randonneur que passava confiança devido a sua grande experiencia, sempre alegre com um bom papo sobre historias de Audax. É duro de te perder Claudemir mas ficarà no meu coração para sempre.
junho 24th, 2015 em 16:31
Que linda homenagem João. Muito carinho e admiração para quem participa desta modalidade de ciclismo. Eu não conhecia o Claudemir, mas isso pouco importa, era um dos nossos e vai fazer muita falta nesse mundo. Obrigado Claudemir!
junho 24th, 2015 em 17:40
Lamentável o que aconteceu. Conheci pessoalmente neste brevet mas já o conhecia muito antes pelos seus feitos e realmente fará muita falta ao mundo randonneur, porém o Egon terá um grande parceiro para se divertir lá em cima e para nos proteger aqui embaixo.