Muito frio pela manhã na saída. Sabíamos que San Pedro do Atacama estava numa altitude menor e que em algum momento desceríamos, mas acho que não esperávamos penar tanto neste trecho.
Os primeiros quilômetros foram os mais bonitos do dia, passando ao lado de montanhas cobertas de gelo, onde eu fiz as fotos que mais gostei da viagem.
Como não teria nada no caminho o plano era parar a cada 40 km mais ou menos, comer algo, descansar e seguir. Após a primeira parada vi que não poderia fazer dessa forma: não aguentava pedalar muito no ar rarefeito.
Depois da primeira perna só consegui seguir uns 6 km e parei de novo, depois mais 3 km e parei. E aí foi diminuindo até parar pra recuperar o ar a cada 100 metros mais ou menos. Foi o momento mais difícil, sem dúvida, mas nada que pouco a pouco não desse pra vencer. Eu estava no ponto mais alto da aventura, quase 5000 m de altitude, por isso tanta dificuldade.
Passada esta subida as coisas melhoraram. Era bem chato a hora de parar porque não tinha como se esconder do sol – apesar do frio em virtude da altitude, o sol ardia bastante.
Quando me aproximei do vulcão Licancabur e da divisa com a Bolívia começou a chover, mas acabei só vendo ela de longe. Antes da descida pra San Pedro encontrei um pessoal parado de carro e eles me alimentaram com bolachas. A descida foi demorada por causa do vento e foi uma sensação muito interessante quando terminou. Como não tinha mais vento, tinha oxigênio em abundância e até o céu estava mais claro porque me afastei da tempestade, parecia que eu estava em outro dia e num local muito distante daquele.
Na entrada de San Pedro encontrei um caminhoneiro, fiquei batendo um papo com ele e tomando um café. Depois chegaram o Aramis e o Nelson e fomos procurar uma pousada que ele nos indicou.
Naquele dia a cidade ficou sem luz e no restaurante onde fomos comer o jantar foi à luz de velas.
Agora só faltavam mais dois dias. O pior já havia passado, mas não significa que seria fácil completar a rota.