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Do Tietê ao Chuí – Rafael Dias Menezes

Postado em 06 março 2013 por awulll

Olá pessoal do gueto!

Depois de um final de ano enrolado, acabei decidindo, de última hora, fazer uma viagenzinha para conhecer o sul do brasil. Como gosto bastante do clima do interior, acabei desenhando uma rota bem maneira pelo interior de SP, PR, SC e RG, levando do rio tietê (mais precisamente de São Miguel Paulista/SP) até a divisa Brasil/Uruguai. 

A rota que fiz foi essa: http://www.bikemap.net/route/1966210. Se observarem bem, é bem tranquila…  Algumas serras pelo meio do caminho e praticamente só morro. 

Nos dias anteriores à saída do pedal nem me preocupei em dar uma revisada na bicicleta. Estava mais preocupado na rota do que em outra coisa. 

15/01/2013 – São Miguel Paulista -> São Miguel Arcanjo: 230 km

Tudo acertado, acordei bem cedinho e arrumei a minha caloi 100 para a viagem. 

Em relação às malas, acabei levando algumas coisas só para passear. No kit completo levei as seguintes coisas:

- três mudas de roupas, sendo uma para pedalar, outra para passar a noite e outra para o retorno para SP; 

- um anorak para a chuva; 

- uma calça para chuva;

- barraca;

- 7 câmeras;

- espátula;

- jogo de chaves allen;

- chave de corrente;

- capa para o alforje;

- barras de cereal, amendoim, mel, geleia de mocotó, paçoca…

Sei que acabei levando muita coisa, ficou um pouco pesado, mas deu para o gasto. 

Consegui tirar só uma foto na saída de casa, pois estava chovendo e o meu celular fica incontrolável na chuva. 

Sophia preparadinha para sair. Foi a primeira vez que usei o alforje da Ararauna. Achei muito bom.


Saí da zona leste de São Paulo, mais precisamente de São Miguel Paulista. Passei no QG na barra-funda para dar uma otimizada na mala. Saí do QG por volta das 11:00 e logo estava na marginal. Como chovia, estava tudo parado e com isso deu para ir para a castelo sem nenhum problema. 

Perto do pedágio de Osasco, o acostamento começou e aí foi uma maravilha. Havia alguns trechos sem acostamento, como em Jandira, mas nada muito preocupante. O acostamento da Castelo Branco é um tapetão. Em alguns lugares um pouco sujo por causa do grande movimento de caminhões, mas nada muito preocupante. 

Fui pela Castelo Branco até a região de Araçariguama, onde peguei o acesso para São Roque, por onde segui por Mairinque, Alumínio e chegando em Sorocaba, pela Raposo Tavares. Achei a Raposo muito boa para pedalar, sempre com acostamento. Depois de Sorocaba peguei o caminho mais difícil e tortuoso, passando em Votorantin, Salto do Pirapora, Pilar do Sul e São Miguel Arcanjo. A paisagem deste último trecho é fantástica porém não gostei nada da estrada. Sem acostamento e em muitos lugares, sem área de escape. Por sorte, não havia movimento intenso, mas os carros/caminhões que passavam, passavam tirando fina. Raros os veículos que diminuiam ao me ver na estrada. 

Cheguei em São Miguel Arcanjo no começo da noite. Assim começava a minha rotina de sempre chegar tarde nas cidades.  

Como estava todo ensopado, ao chegar em São Miguel Arcanjo, procurei algum lugar para pousar. Encontrei um hotel bem baratinho em frente à rodoviária, R$30,00 a pernoite com direito à café da manhã. 

Segundo dia – São Miguel Arcanjo->Itararé :190km

Acordei bem cedo e como ainda estava chovendo, resolvi esperar. Esperei até umas 9:00 e, como o tempo não melhorava, acabei me ajeitando para ir embora. O dia seria longo pois eu estava planejando prosseguir até Itapeva ou Sengés, por isso a minha urgência em ir embora.

Coloquei a capa de chuva, aprontei as coisas dentro dos alforjes e saí.

Toda faceira pronta para cair na estrada


A estrada entre São Miguel Arcanjo e o bairro do Gramadinho é uma estradinha de mão simples e sem acostamento. O asfalto não é muito bem conservado mas dá para rodar muito bem por ela. Haviam algumas subidas, mas nada muito pesado. Como estava nublado e um pouco frio, algumas vezes chovia e sempre se via a névoa nas encostas das montanhas, uma imagem bem legal.

Logo cheguei na SP-127 e segui em direção à Capão Bonito. A chuva parou de cair quando cheguei nos arredores de Capão e pensei que iria deslanchar. Assim que peguei a estrada para Taquarivaí, um raio da roda traseira quebrou.

Primeiro raio quebrado da viagem.

Voltei para Capão Bonito para arrumar o raio. Passei na bicicletaria do Cabral, no centro de Capão Bonito e fui muito bem recebido pelo pessoal. Como o mecânico só retornava depois do almoço lá pelas 14:00, deixei a bicicleta na bicicletaria e fui almoçar. Quando voltei, troquei dois dedos de prosa com o Cabral e o mecânico

Parada na bicicletaria do Cabral, em Capão Bonito, para colocar raio e alinhamento da roda.


Roda alinhada, parti em direção à Taquarivaí. Estradinha bem legal, com um fluxo razoável de caminhões e ônibus. Em alguns pontos o acostamento é feito de uma pedra meio solta, mas como eu estava com pneus largos nem me atrapalhou.
Neste ponto a chuva cessou e esquentou um pouco. Continuei pedalando até chegar em Itararé.

O que me chamou a atenção nesta etapa é a paisagem… Região praticamente plana, com alguns morros, algumas plantações de soja, vários rios e sempre acompanhado de nuvens de chuva.

SP-258


Faltando 20km para chegar em Itataré, parei em um posto da SP-Vias. Conversando com um dos paramédicos, ele me indicou um albergue para ficar em Itararé. Cheguei em Itararé no final do dia, procurei o albergue e me hospedei. Acabei ganhando a janta e dormi cedinho para poder me recuperar do dia, que foi bem puxado.

Terceiro dia – Itararé -> Teixeira Soares : 235km

Saí de Itararé bem cedo. Já saindo de Itararé, dou de cara com a divisa SP/PR e com uma antiga trincheira usada pelos paulistas durante a revolução de 1932.

Divisa SP/PR


Sengés é uma cidade que fica a 16km de Itararé. Assim que passei pela divisa a geologia mudou bastante. Antes eu observava morros de terra e agora eu observava muitas formações rochosas, as quais eu só vira antes em Ponta Grossa, Lapa e região.

Paisagem típica do nordeste paranaense


Após Sengés, começa a primeira serrinha que enfrentei. Até chegar em Jaguariaíva são quase 15km de subida constante e depois temos um sobe-desce alucinante.  Jaguariaíva está na várzea de um rio, mas assim que se sai da cidade, são mais 15km de subida ininterrupta. Cheguei em Piraí do Sul, exausto. Acabei almoçando por lá mesmo.

Parti para Castro. Como conhecia mais ou menos a estrada a partir de Castro, queria muito chegar lá e estar em algum lugar conhecido. Cheguei em Castro lá pelas 14:00, parei para tomar um café perto do portal da cidade e rumei para Ponta Grossa.
Muito sobe-desce para chegar em Ponta Grossa, e, para se chegar na cidade, uma bela de uma subida de (acho) uns 4km. Tive que usar a “vovózinha” para conseguir chegar em Ponta Grossa. Comi um lanche no Auto Posto Estrela de Prata e peguei a estrada sentido Irati. Já era mais ou menos 16:00 e eu sabia que chegar em Irati seria difícil. Como estava com a barraca, nem pensei direito.

Peguei a PR-151 sentido Palmeiras e, após 8/9km, a PR-438 sentido Irati.

Na PR-151, região de Cara Cara. Ponta Grossa está lá no fundo…


Segui pedalando e olhando os arredores. Muito rio, algumas áreas com plantação de soja e muita propriedade pequena. A estrada é de mão simples, com muito pouco movimento (mas isso não quer dizer que eu pedalava sem prestar atenção no que vinha atrás). Passei por um distrito de Ponta Grossa chamado Guaragi e perguntei em um posto se havia algum lugar para pousar por alí ou se havia alguma cidade mais à frente. Disseram que só em Teixeira Soares. Então continuei…

Antes de Guaragi ocorreu o primeiro fato esquisito da viagem: como estava escurecendo, acabei parando a primeira pessoa que vi na rua para perguntar se Teixeira Soares estava perto. Quando cheguei perdo do moço, eu vi que ele era meio esquisito. Perguntei e aí reparei que ele era mudo. O pior é que eu disse: “Poutz, você é mudo?”, e ele respondeu mexendo a cabeça. Pedi desculpas e deixei para lá.

Cheguei em Teixeira Soares mais ou menos às 20:00. Como estava só o pó da rabiola, acabei procurando o único hotel da cidade. Foram-se R$ 40,00 com café da manhã, mas valeu a pena. Quando saí para jantar, um pessoal que me viu chegando começou a me perguntar de onde vim. Assim que eu disse que viera de São Paulo, em três dias, o pessoal ficou assustado. O comentário que ouvi foi: “Cara, eu pedalo de speed e não vou nem até Irati que é a próxima cidade… Você veio de Itararé para cá em um dia. Tá doido!”. Assim que eu disse que pretendia chegar no Chuí em mais 7 ou 8 dias o pessoal pensou que eu estava de brincadeira. Enfim, depois desta conversa acabei indo para o quarto e apaguei.

Pôr-do-sol na região de Teixeira Soares


Quarto dia – Teixeira Soares -> União da Vitória: 150km

Acordei cedo e tratei de tomar café e sair. Estava sol mas mesmo assim bem frio. Assim que saí da cidade e cruzei a linha de trem, surgiu uma neblina que me acompanhou até perto de Irati.

Sente só a neblina…


Em Irati, peguei a BR-153, sentido sul do Paraná. Passei por algumas pequenas cidades, como Rebouças e Mallet. Sempre que eu parava em um bar para tomar uma água ou um refri, era motivo de atenção. Acho que não tem muitos cicloviajantes passando pelo interior do Paraná.

Parei para almoçar em Mallet e prossegui viagem.

Pedalar só observando esta paisagem é fácil.


A estradinha não tem muito movimento e, justamente por isso, é bom ter cuidado a andar por ela. Sempre passavam alguns caminhões voando baixo pela estrada.

Cheguei na BR-427. Muito movimento e sujeira no acostamento. Me deparei, duas vezes, com o que menos gosto em rodovias: a terceira faixa para caminhões nas subidas. Não gosto muito porque geralmente nestas situações não há acostamento e os caminhões passam mais devagar. Sem contar, que geralmente os construtores fazem uma vala logo após a faixa branca que, em qualquer vacilo, te traga.

Não gosto muito disso, mas faz parte.


Chegando em União da Vitória, pego um temporal. Esperei o temporal passar e segui para União. Cheguei lá à noitinha e procurei um albergue. Como não encontrei, fiquei em um hotel no centro, à R$ 25,00 a diária.

Quinto dia – União da Vitória -> Caçador: 115km

Inicialmente eu pensei em descansar o dia todo, estava quebrado.

No final, acabei ficando na cidade até o meio dia, saí para almoçar e já rumei para Matos Costa. A minha idéia era a de ir direto por Porto União até Matos Costa. No centro de União da Vitória perguntei para um senhor como é que fazia para ir para Matos Costa e aí ele me informou o caminho e me perguntou de onde vinha e para onde ia. Quando disse que a minha idéia era a de chegar no Rio Grande do Sul, ele me disse que seria melhor pegar a BR-153 sentido Erechim pois a estrada estava um tapetão.

Acabei ouvindo a voz da experiência e me ferrei.

Saindo de União da Vitória, estava tudo em reforma. Haviam muitos trechos sem acostamento e um movimento intenso de caminhões. Depois de um trecho em que a DNIT estava controlando a passagem a uma ponte, perto de General Carneiro, decidi pegar uma saída para Matos Costa, através de uma estrada de terra através de uma serrinha. Logo de cara, uma estrada característica do sul com muita pedra solta. Após 17km estava chegando em Matos Costa.

Serra catarinense na região de Matos Costa. Segundo um farmacêutico da cidade, a região está quase que na mesma altura da região de Urubici.


Conversei com o farmacêutico da cidade. Contei a minha aventura e ele disse que é motociclista e que geralmente faz viagens para o litoral. Foi a primeira pessoa que não ficou muito impressionado com o fato de eu ter saído de SP pedalando. Achei legal isso.

Continuei o pedal, segundo em direção à Calmom e depois Caçador.

Achei bem legal este pedaço da viagem pois passei em algumas regiões de mata protegidas, possibilitando ver alguma coisa diferente das plantações de pinus que eu estava vendo na BR-153.

No meio da serra catarinense, entre Calmon e Caçador


Cheguei em Caçador no final do dia. Lá fiquei em um hotelzinho no entorno da cidade. Estava tendo festa de formatura e acabei filando uma janta de graça.

Sexto dia – Caçador -> Barracão: 157km

Saí de Caçador cedinho. Logo estava no vale do rio do Peixe. Passei por Rio das Antas, Videira e Pinheiro Preto. O quê dizer sobre este pedaço? Simplesmente FANTÁSTICO!

Rio do Peixe em Pinheiro Preto


Almocei em um restaurante em Pinheiro Preto. O pessoal estava com roupas típicas alemãs e, quando fiz o pedido, o dono perguntou se eu era paulista. Disse que sim, e ele disse que era do Butantã, e que estava morando em Pinheiro Preto a uns 10 anos e que não voltava para SP nem à força.   Olhando a estrada eu até entendo.
No final de tudo, eu não precisei pagar o almoço. \o/

Acabei chegando em Campos Novos lá pelas 17:00. Parei para tomar um café e segui para o Rio Grande do Sul. O que me chamou muito a atenção neste último trecho foi a chegada ao rio Uruguai, que é a divisa entre SC e o RS. A estrada desce de Campos Novos para o rio Uruguai e depois sobe tudo novamente para chegar em Barracão. Uma bela de uma subida, tanto pelo esforço quanto pela beleza.

Descida para chegar no rio Uruguai


Arroio Poatá ou rio Uruguai… Não sei dizer qual é.


Cheguei em Barracão debaixo de chuva.

Procurei um camping, não encontrei, assim fiquei em uma pousada perto da rodoviária.

Sétimo dia – Barracão -> Passo Fundo: 170km

A minha idéia era ir para Cacique Doble e chegar até Marau. Conversando com o dono da pousada, ele me disse simplesmente que não tinha nada para ver por lá.

Fiquei pensando e aceitando a sugestão dele, de ir até lagoa vermelha, e depois rumar para passo fundo.

Continuei na BR-470. Sinceramente, eu achei muito chato. Me arrependi de não ter ido por onde estava pensando.

As emoções do dia, foi correr de cachorros. Até chegar em Lagoa Vermelha, corri de uns 4. O mais engraçado é que quando eu parava, eles paravam e não sabiam o quê fazer, ou ficavam pensando: “Ô humano, só quero correr atrás de você. Continue aí, pls”.

só esperando eu voltar a pedalar, né?


Cheguei em Lagoa Vermelha por volta das 11:00. Parei para almoçar e aí, o primeiro gaúcho típico (com botina, bombacha, laço vermelho no pescoço, chapéu e bigodão) me aborda no restaurante.

Inicialmente ele me pergunta o nome e depois de um tempo, o nome de família. Quando eu disse “Dias”, ele disse que conhecia alguns Dias em Passo Fundo e, que se tivesse a agenda deles, ligaria para alguém me dar hospedagem. Achei legal. Ele ficou interessado em saber como eram as terras mais para o norte e ficou impressionado com o tempo que levei para chegar lá. No final ele viu as minhas pernas e disse que eu estava fraquinho e que era para comer mais. Bom, nem preciso dizer que não precisei pagar o almoço novamente.

Saí para Passo Fundo, pela BR-253.
O acostamento não estava lá muito bom, mas como eu estava de MTB nem liguei muito.

Olha só o estado do acostamento na BR-253


Cheguei em Passo Fundo no final do dia. Um pouco cansado mas feliz.

Oitavo dia – Passo Fundo -> Soledade: 100km

Dia só de giro. Saí de Passo Fundo com a idéia de chegar em Vera Cruz.

Acho que Passo Fundo foi a primeira cidade que não era de primeira que eu passei. Havia um movimento de carros, ônibus e caminhões um pouco intenso quando saí.

Até chegar em Tio Hugo foi tranquilo. A estrada é bem plana, com algumas subidinhas e muitas descidas. Depois de Tio Hugo, haviam algumas subidas longas, com três faixas… Fui girando e levando várias finas desnecessárias de caminhões.

Cheguei em Soledade na hora do almoço. Almocei e fui embora. A uns 10km de Soledade, ouço um barulho estranio na bike e, já desconfiado de quebra de raio, olho para a roda traseira e constato um raio quebrado… Pedalei mais um pouco para ver se encontrava alguma casa e nada… Voltei para Soledade e procurei uma bicicletaria. Fui para uma no centro, mas eles não tinham o saca-k7. Acabei rodando a cidade até que cheguei na bicicletaria do Tio Caio. Como havia perdido muito tempo nesta estória toda, acabei desencanando de ir para Vera Cruz e iria ficar por Soledade mesmo.

Tio Caio arrumando a roda traseira…


No final de tudo, o Tio Caio acabou contando estórias suas sobre cicloviagens e outros causos. Depois ele me levou para um albergue da prefeitura e dormi por lá mesmo.

Nono Dia – Soledade -> Santa Cruz do Sul: 160km

Saí do albergue mais ou menos às 7:00. Tomei café da manhã em uma padaria no centro e peguei a estrada. Novamente, uma estrada muito boa para pedalar. Não estava muito calor e deu para desenvolver bem o pedal. Estava pensando em conhecer alguns vilarejos e acabei parando para almoçar em Gramado Xavier. Lá conheci parei para comer no restaurante Tomazzi e o dono do restaurante acabou conversando comigo. Contei de onde vinha, como estava passando as noites, mostrei no mapa os lugares que passei… Acabei ganhando mais um almoço. Nisso juntou mais alguns moradores  e ficaram ouvindo as estórias. O comentário que ficou na minha memória, feito por um senhorzinho, foi: Nunca vi um aventureiro assim.

Pronto, agora sou um aventureiro.

Gramado Xavier


Voltei para a BR-153 e segui até Herveiras. Lá parei para tomar uma coca e, novamente, um gaúcho me perguntou de onde eu vinha e qual era o meu nome de família.

Conversamos um pouco e logo parti para Sinimbu. Peguei a estrada de terra, desci as 7 curvas e levei dois capotes.  Quando desci a serra, senti que estava em outro país. Muito esquisito….

Chegando em Sinumbu


Depois de Sinimbu, peguei uma estrada e saí em Santa Cruz do Sul, onde a Lidiane estava me esperando.

Décimo dia – até a padaria e só… 

Bah! Não fiz nada neste dia…

Décimo primeiro dia – Santa Cruz do Sul -> Encruzilhada do Sul: 110km

Estava em um dilema…
Encruzilhada era a 110km de SCS. A outra cidade era Canguçu que estava a 230km e eu estava um pouco cansado.

Saí de Santa Cruz cedinho pensando em chegar em Canguçu.
Logo que cheguei no acesso de Vera Cruz, os dois pneus furam. Perdi um tempo trocando as câmaras. Passando 5km, o pneu dianteiro fura novamente. Parei no pedágio para passar um fax e quando volto, o pneu traseiro estava no chão novamente. Já que estava tudo ferrado mesmo, acabei pedindo um balde e começei a remendar os furos.

Cheguei em Pantano Grande por volta da hora do almoço.

Almocei e continuei pedalando em direção à Encruzilhada. Muito vento contra e uma subida bem de leve até chegar em Encruzilhada. No meio do caminho eu parei em um boteco para comer melancia e acabei mandando metade de uma para o peito.

manda tudo para o peito!


Cheguei em Encruzilhada às 19:00. Me hospedei em um hotelzico de R$ 15,00 a diária. sossegado!

No final do dia recebo uma mensagem da Lidiane dizendo que iria para Pelotas me esperar, ela estava querendo ir para o Chuí.

<strong>Décimo segundo dia – Encruzilhada -> Pelotas: 180km

Saí de Encruzilhada mais ou menos às 7:30. Estava um pouco frio e com bastante vento contra.

Achei a região bem isolada. Haviam algumas casas, onde eu peguei água algumas vezes, e poucos bares. A paisagem é fantástica, bem diferente do que eu vi nos outros dias de pedal.

Após alguns muitos quilometros de pedal, chego na várzea do rio Camaquã. Achei bem legal o pessoal aproveitando o dia de sol nas margens do rio.

Pessoal aproveitando o dia nas margens do rio Camaquã


Parei para pedir informações em uma casa perto do Rio Camaquã e acabei ficando mais de 30 minutos conversando com um senhorzinho. Ele me indicou uma mercearia mais à frente para almoçar. Acabei almoçando pão, banana e mel.

Continuei pedalando e, assim que cheguei na BR-392, em Canguçu, o pneu traseiro fura. Procurei o elemento furante e não encontrei. Avaliando a câmara, vi que o furo havia sido do lado de dentro. Olhei a roda e não vi nada….

Nisso, recebi uma mensagem da Lidiane dizendo que ela estava me esperando em um posto de gasolina na BR-392, antes de Canguçu.

Cheguei no ponto de encontro,  comi alguma coisa e saímos. Assim que chego em Canguçu, sinto alguma coisa pegando no freio. Paro para dar uma olhada e vejo que a roda traseira está trincada.

lidiane ê lasqueira


Abri o freio e seguimos para Pelotas. No meio do caminho o pneu traseiro fura novamente e pela segunda vez, foi furo interno. Desta vez estava evidenciado que era por causa da trinca.

A Lidiane, para ajudar,  pegou um dos meus alforjes e carregou com ela para aliviar o peso na minha bicicleta.

Chegando em Pelotas, outro furo, só que no pneu dianteiro. Chegamos na cidade e acabamos encontrando um pouso baratinho perto da rodoviária.  Saímos para jantar e depois dormir…

Décimo terceiro/quarto dias – Pelotas -> Chuí

Acordamos bem cedinho e já fui remendar as câmaras. Saímos lá pelas 7:00. A nossa ideia era a de chegar no Chuí no final do dia, de qualquer jeito.

Não pedalamos nem dois quilômetros e o pneu traseiro fura. Disse para a Lidiane que, se fosse por causa do aro, eu já desistia ali mesmo. Olhei a câmara e vi que a câmara estava rasgada internamente.

Lembrei do ditado do velho eremita: O que é um peido para quem já está todo cagado.

Acabei cortando uma câmara e fazendo uma gambiarra, enfiando a câmara cortada entre o pneu e a roda.

Gambiarra #1


Com essa gambiarra, seguimos para Rio Grande. No meio do percurso a Lidiane me perguntou se conseguiria chegar no Chuí com uma bicicleta nova… Falei que sim mas nem dei bola. Estava pensando em arriscar tudo e pegar a estrada com a Sophia do jeito que estava. No pior dos casos, eu voltaria para Pelotas de carona.

Um pouco antes de Rio Grande começo a sentir o pneu resvalando no quadro da bicicleta. Resolvo amarrar tudo com o resto da câmara que havia cortado.

Gambiarra master piece


Chegamos em Rio Grande mais ou menos às 11:00. Almoçamos e a Lidiane me propõe trocar de bicicleta. No começo relutei mas acabei concordando.
Trocamos as malas e dei uma otimizada nas coisas que eu estava levando, afinal, seria somente 260km. A Lidiane retornaria para Pelotas e me esperaria.

Peguei a RS-471 sentido Chuí. Muito vento contra e ainda tinha o efeito psicológico de nunca se ver o final da estrada. Houve um momento que um caminhão passou e eu parei para ver como ele andava… Depois de uns 10 minutos ele começou a sumir, como se fosse uma descida. Pensei que havia uma descidinha lááááá na frente.
Pedalei e pedalei até que percebia que continuava plano. Acabei somente pedalando de cabeça  baixa.

Plano Infinito


Me disseram que esta região era tudo deserto. Posso dizer que dá para atravessar tranquilamente, sem medo de ficar à mingua. Haviam algumas vilinhas a pelo menos 50km e tem três postos de gasolina no meio do percurso, o primeiro deles após a reserva do Taim.

Após uns 50km cheguei à reserva do Taim. Achei muito bonito por lá: em quase toda a extensão da reserva há dois rios beirando a estrada, cheio de capivaras e em alguns lugares acho que vi jacarés.

Reserva do Taim


Acabei dormindo em um camping que tem logo depois da reserva do Taim. http://noticiasjasvp.blogspot.com.br/2012/03/camping-do-taim.html

No outro dia, o vento estava empurrando.

Acordei às 7:00 e arrisco dizer que estava uns 25ºC. Tomei café e zarpei.

Cheguei em Santa vitória do Palmar um pouco antes do almoço. Almocei por lá e saí em direção ao Chuí.

Santa Vitória do Palmar


Fui para o Chuí pela praia do Hermenegildo. Por sorte, a maré estava baixa e havia uma grande faixa de areia.

Depois de 15km estava na divisa Brasil/Uruguai.

\o/


Passei na Barra do Chuí e procurei o Arroio Chuí, afinal, saí de SP para conhecê-lo.
Depois de um tempinho acabei encontrando-o.

Do Tietê ao Chuí


Peguei a estrada para o Chuí, cheguei na cidade e já procurei a rodoviária, afinal, havia gente me esperando em Pelotas. Cheguei em Pelotas à tarde.

Bom é isso aí!

14 dias de pedal com 1900km.

Fiquei dois dias em barraca, três em albergue e o resto em pousada.

Link para as fotos:

https://picasaweb.google.com/113732869544350305103/SaoMiguelChui01152013

4 Comentários para este Post

  1. Moises Marcus Retka Says:

    Ae aventureiro de meia melancia… hehehe. Que beleza de pedal hein, parabéns.

  2. Daniel Cursini Says:

    Parabéns pelo rápido e excelente pedal, e também pelo registro, inspiração pra todos os cicloturistas.
    Grande abraço!!

  3. Oswaldo Tobal Says:

    Nossa, fiquei encantado com a sua viagem. Deu vontade de largar tudo e sair para uma grande aventura. Parabéns pela sua determinação e também pelas suas gambiarras. Experiencia é tudo. Um dia chegarei lá. Um abraço.

  4. Rafael Dias Says:

    Obrigado pelos parabéns de todos. Foi uma viagem sem pensar muito, só peguei as coisas e saí pegando estrada.

    Acho que só precisa ter a coragem de sair de casa, assim que você passa o primeiro dia de pedal, vai que vai.

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