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PBP – Relato do Rodyer Ferretti da Cruz

Postado em 27 agosto 2011 por awulll

Allez!!!!

Esta palavra pode não significar nada para você, mas ficou marcada em minha vida!

Ao percorrer os 1230 km de Paris até Brest e depois retornando até Paris, esta palavra é o que você vai ouvir freqüentemente no PBP.

Ela é uma frase de incentivo proferida pelos franceses que te acompanham ao longo de toda esta prova duríssima e difícil. Alias, é o povo francês que vai torcer para você completar seu objetivo.

Em 2011 resolvi pedalar. Isto mesmo, pedalar. Dia 05 de dezembro de 2010 em um brevet de 200 km de Curitiba sob forte chuva cheguei a conclusão. Vou pedalar. E em Agosto de 2011 em Paris terminei uma de minhas buscas. Completar o PBP 2011 com 1230 km.

Nas preliminares da prova foram a busca pela experiência. MTB ou Speed? Pneu grosso ou fino? Como vou me virar em Paris? Como vai ser a competição? Onde vou ficar? Há Todas essas perguntas, com muito esforço, obtive respostas que talvez não seja interessante para você, mas se em 2015 quiser pedalar o PBP é só perguntar. Com a experiência que tive, talvez possa te ajudar.

Optei por ficar em um hotel no centro, desta forma curti Paris por 2 dias – depois rumo a SAINT-QUENTIN-EN-YVELINES para fazer a vistoria. Lá encontrei os Brasileiros e o João, cumprimentava todo mundo ansioso para o próximo dia (largada). O português Jorge Martins me deu dicas valiosas sobre a largada.

No dia da largada combinei com o João de nos encontrarmos atrás do ginásio. Só que era tanta gente que eu acabei me atrasando ele largou no primeiro e eu no segundo pelotão. Antes da largada teve um almoço que comprei no dia da inscrição para o PBP. Me fartei, depois fui para a fila da largada. Lá encontrei o Erich que brevetou o PBP 2007 me deu dicas importantes do percurso e tudo aquilo foi acumulando para cada vez ter mais experiência.

Enfim a longa espera no calor acabou… Era a largada. Bora pedalar!!! E lá fomos nós!! Rumo à primeira perna todo mundo junto, unido, vácuo no pelotão, passa o pelotão e bora pedalar no meio do pessoal!!! O povo francês batendo palma, e vc toca na mão da piazada!!

Até Fougeres foi tudo tranqüilo, encontrei alguns brasileiros como o Morassutti, Cesar Barbosa, também em Fougeres encontrei o João no meio do refeitório hehehehe. Muita coincidência. Era eu e ele que pedalávamos de MTB ou VTT como falam os europeus.

Até Brest fomos nós. Ele às vezes mais à frente com a explosão de sempre e eu com mais cadência na pedalada, não corria muito atrás das speeds e nem conseguia ficar no meio dos pelotões, tive uma aula de longa distância com os europeus. Neste trajeto eu e o João fizemos amizades com franceses, italianos e espanhóis todos muitos gente boa. Um italiano me perguntou “como você consegue andar com esta VTT?”. O João teve que traduzir para mim heheehhe.

De CARHAIX-PLOUGUER até Brest e na volta vejo que foi o trecho mais difícil para mim, tendo inclusive chuva, mas nada que não tenha sido superado. Chegando em Brest dormimos um pouco e bora fazer a volta. Desta forma o João foi embora e eu continuei em um ritmo mais tranquilo, assim encontrei o João nos PCS mais duas vezes e depois o perdi de vista, assim fui indo no meu ritmo até o final. Em uma subida na perna de Brest até CARHAIX-PLOUGUER de uns 10 km parei para tomar um vinho com uns franceses.

Em Brest já começava a sentir o pescoço, mas foi em TINTENIAC que a dor aumentou. As 3 pernas do dia me cansaram. Pedi para o mecânico colocar algo mais confortável no guidão e fui ao médico pedir massagem no pescoço, tava doido. A organização dos mecânicos, médicos, serventes todos muito solícitos.

Na perna da madrugada, devido ao sono, pedalava um tempo e dormia 15 minutos nos bancos das cidadezinhas, você não sabe como isso é bom! Dormi em uma igreja, em um banco da praça.

Em Fougeres dormi mais duas horas no dormitório, muito bom por sinal os caras te acordam na hora que você pede para eles. Acordei comi alguma coisa e bora de novo para a estrada, neste meio tempo foi puxando um grupo de italianos e espanhóis, depois eles ficaram na frente e na outra subida fui eu lá na frente, até fiz o sinal para ficar na minha roda como forma de contribuição. Chegando em VILLAINES-LA-JUHEL a dor no pescoço piorou, fui no médico pedi massagem, remédio, injeção e eles só fizeram massagem. Tomei um cataflan que eu tinha levado e fui com o pescoço doido, pedalava com a cabeça baixa não enxergava a frente.

Foi quando surgiu a idéia de segurar a cabeça com a mão direita. Foi assim que pedalei os 200 km finais, de cabeça baixa e quando precisava olhar para frente levantava a cabeça com a mão direita. Nos 200 km finais resolvi fazer o meu AUDAX, ou seja, andar 25 km e descansar 7 minutos. Nestes intervalos parei para conversar com um senhor que dava água para os ciclistas, um senhor dos pêssegos e um grupo de meninas que dava café e bolo para os ciclistas. Detalhe que eu conversava com eles em um inglês horrível, mas nos entendíamos. Por isto que eu falo o POVO FRANCÊS é o destaque desta prova. Somos tratados como verdadeiros super heróis por eles, vi pessoas às 3 horas da manhã batendo palmas para os ciclistas passantes, vi um menininho de bicicleta querendo que eu andasse na roda dele (não podia) para me ajudar a superar as dificuldades, a todas estas pessoas guardo minha estima e admiração, coisa que em meu país tenho certeza que não vou ver em pouco tempo, peço mil desculpas a eles por não saber falar a língua deles coisa que me dá muita vergonha, nossas conversas seriam muito mais proveitosas.

Faltando 75 km para o final encontrei o Della Giustina, assim fomos os 75 km finais conversando sobre bicicletas (vou trocar a minha), brevets, nossos problemas físicos hehehehhehe, enfim, conversamos sobre muitas coisas e o Della é uma pessoa muito gente boa!!!

A dor no pescoço? Tava insuportável, mas pensava que tinha gente que estava em situação pior que a minha e tem o dobro de força de vontade que eu. Lembrava das crianças com câncer que minha mãe faz trabalho voluntário, lembrava de meu ídolo de infância Ayrton Senna que todo domingo tentava ao máximo levar um pouco de alegria para cada lar brasileiro, lembrei dele levantando a taça no GP do Brasil já acabado fisicamente, lembrei do rádio que meu pai colocava do lado da TV para gravar as grandes vitórias do Senna. Lembrei da frase do Lance Armstrong que a dor é passageira, e foi assim… a dor foi passageira e nem precisava ser colocada aqui neste relato.

Chegando em San Quentin completei a prova, encontrei o João, o Nelson, o Marcelo. Fui com o João até a estação esperar um táxi e fui embora. Missão Cumprida.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A MINHA INCENTIVADORA SEM ELA NADA DISSO PODERIA TER ACONTECIDO – CATIANE TE AMO DEMAIS. Só você para me acompanhar nas minhas loucuras de bicicleta, só você para me dar água no meio de milhares de ciclistas, só você para ficar do meu lado a cada passo que eu dou! MINHAS VITÓRIAS SÃO SUAS VITÓRIAS. Nada disso aconteceria sem a CATIANE SENSI e sua família, a querida sogra Mirian companheira nos dias de Paris, as lágrimas do Sr. Sensi (Vovvi) na saída para Curitiba valeram cada gota! A minha família também em especial minha querida MÃEZINHA e MINHA VÓZINHA que posso estar no fundo do poço, mas sempre estão lá gritando palavras de incentivos como bom sangue italiano que tem, agradeço muito a vocês e também ao meu pai e meu irmão que viram durante a infância as duras crises de bronquite que eu tive e sempre ficaram do meu lado para o que der e vier. OBRIGADO A TODOS que não cabem aqui neste breve relato.

Agora com as dores da recuperação tenho novos objetivos e pode ter certeza que vem mais por aí. Por isto acabo este relato reticências…

6 Comentários para este Post

  1. andersonfrigo Says:

    Ae Rod, muito bonito o post, parabéns!

    Como comentei no post do João, fala do gordinho batendo palma, quero ler a tua versão uhauhauhauha

  2. Rodyer Cruz Says:

    Cara esta ida até Brest – começamos a cantar músicas do Brasil – isto mesmo de AXÉ á BREGA – falamos merda pra caramba…. e tinha uma galera atrás da gente eu pensava que nem sabiam o que estavamos falando… tudo isto para nos mantermos acordados… Quando de repente passando por mais cidade francesa um gordinho apoiado no carro gritando Allez!!! Nossa no meio da chuva e do frio dae eu gritei: “Porra Gordinho, vai para casa ver tua mulher cara…. coitada dela… você aqui batendo palma pra nós essa hora da noite.. e ela lá te esperando” Acho que foi a cena mais hilária do PBP… eu e o João demos muitas gargalhadas. heehhehe

  3. Aramis Says:

    Meu caramba……um dos melhores relatos que já li. Conseguiu passar toda emoção, garra, dificuldade nele.
    Parabéns Rodyer…..

    E quais seriam os novos objetivos?

    Allez

  4. Rodyer Cruz Says:

    Caro Aramis,

    Tem muitos Brevets pelo Brasil e o mundo afora aewww!! É só se focar nos objetivo e bora pedalar!

    Tem um amigo teu tb muito loco chamado João de Dios que tá loquinho pra aprontar alguma coisa pra gente ehehehehhehe

  5. Cati Says:

    Parabéns mais uma vez Rodyer!!!
    Mais uma vez você mostrou toda a sua garra, confiança e determinação!!
    Ninguém disse que seria fácil, como realmente não foi, mas você se superou.
    A força que você teve de achar a cada pedalada, foi de suma importância para você chegar ao seu objetivo!

    Você é meu maior orgulho!
    Estarei sempre aqui para te apoiar!
    Te amo
    Cati

  6. Rodyer Cruz Says:

    Valeu Cati!!

1 Trackbacks For This Post

  1. PBP, eu fui! – Rodyer Ferretti da Cruz | Do Atlântico ao Pacífico Disse:

    [...] Relato do Rodyer sobre o PBP 2011: http://doatlanticoaopacifico.com/archives/2209 [...]

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