Abaixo descrevo um breve relato da aventura que foi o PBP para mim e meu companheiro o Walter, afinal foram 4 dias e meio de belas paisagens, sentindo na alma a acolhida do povo Francês e dores muitas dores.

A prova foi muito difícil, a região é formada por muitas montanhas, algumas com subidas íngremes.

Largamos às 19:40HS pedalamos a noite e o dia todo, na segunda noite ao entardecer pegamos chuva até onde tínhamos planejado dormir (lá nos aguardava o dormitório de Loudéac), dormimos 2 horas onde se ouvia o dilúvio, levantamos e a chuva tinha diminuído, pedalamos o resto da noite e o dia chegando em Brest, retornamos pedalando o resto dia e a noite dormimos 1:30hs novamente em Loudéac. Após acordarmos conseguimos pedalar mais umas 3 horas e aí o sono venceu, tivemos que dormir no frio da madrugada na praça de uma igreja ao relento por uns 20min, pedalamos e resto da noite e durante o dia o sono não nos abandonou, víamos muitos ciclistas dormindo ao longo da estrada, o sono era tanto que eles nem escolhiam onde iriam dormir, simplesmente “tombavam” ao lado da pista, algumas vezes debaixo de sol forte.

Tivemos que parar para dormir uns 15min mais duas vezes, nossa meta era dormir no último posto de controle, pois assim faltava somente 75km para a chegada, mas o sono era muito forte, a noite chegou pedalávamos alguns kilômetros parávamos eu jogava água na cabeça e rosto andávamos uns passos e voltávamos a pedalar novamente, fizemos isto até chegarmos no nosso objetivo, porém devido a muitas paradas optamos em não dormir por mais de meia hora, o tempo estava escasso. saímos do posto de controle já claro e pedalamos os últimos 75kms em ritmo de chegada, concluímos os 1230kms em 87hs.

Quando completamos 1090km ao chegarmos ao posto de controle fomos recebidos por uma população tão grande que levamos um susto, nunca tinha visto tamanha festa!

Não sofri dores musculares, mas depois de 1000kms sentí doer meus tendões de aquiles, as dores foram aumentando gradativamente à medida em que eu ia chegando ao final, o Walter também ficou muito incomodado devido à dores nos pés ocasionada por usar sapatilhas novas, por sorte ele estava levando um par de chinelos e em alguns trechos ele os usava, o mais engraçado foi quando os gringos falavam “bresil” e o Walter respondia Copacabana e mostrava os chinelos, todo mundo morria de rir.

As vilas são lindas, o povo francês nos acolheram como heróis, não se pedalava 10min sem ouvir um incentivo da população “bon courrage”, passamos por várias mesas compostas por refrigerantes, água, sucos, pães, bolos ,etc montadas por famílias de franceses onde nos ofereciam tudo de graça. Crianças faziam fila para nos saudar, muitas flores, flores por todos os lados, macieiras carregadas, grandes e majestosas pereiras com seus frutos próximos da colheita, campos de girassóis.

A prova foi dura mas ao mesmo tempo gratificante.

Um abraço

Claudemir Sperandio